O painel “Novas tecnologias aplicadas à cadeia produtiva da construção em aço”, realizado durante o Construmetal 2025, trouxe reflexões sobre os avanços e desafios da digitalização no setor. Mediado por Rodrigo Varejão Andreão, diretor geral da IFES/FAPES, o encontro reuniu especialistas que discutiram o impacto de ferramentas como BIM, realidade aumentada, inteligência artificial, cloud computing e IoT na produtividade, na integração de processos e no fortalecimento da cadeia de valor.
Oportunidade e desafio
Abrindo a discussão, Rodrigo Varejão ressaltou que o setor vive um momento crucial:
“Estamos diante de uma grande oportunidade, mas também de um grande desafio”, afirmou.
Segundo ele, empresas consolidadas precisam rever processos internos para incorporar inovação, enquanto startups e negócios de base tecnológica têm espaço para apoiar as gigantes do setor em sua transição digital.
Dados, conectividade e APIs
Para Carlos Costa, diretor técnico da Trimble Brasil, a abundância de dados é uma realidade que ainda não se traduz em produtividade. “Geramos muitas informações, mas elas não se conectam em toda a cadeia. Falta continuidade, como numa linha de produção”, destacou.
Ele defendeu a integração por meio de APIs, capazes de conectar soluções de hardware e software e ampliar o uso de tecnologias como BIM, realidade aumentada, realidade virtual e computação em nuvem.
Carlos também chamou atenção para o papel da inteligência artificial: “A IA traz agilidade na modelagem, no detalhamento dos projetos executivos e ajuda a aliviar tarefas repetitivas, especialmente diante da escassez de mão de obra. Mas ainda precisa evoluir muito mais”, reforçou.
IoT e máquinas inteligentes: a experiência da Ficep
Compartilhando a visão da indústria de máquinas, André Brandão, engenheiro de software da Ficep, mostrou como a empresa vem incorporando conceitos da Indústria 4.0 às suas soluções de alta performance.
“Cada máquina tem de 50 a 60 parâmetros. A inteligência artificial encontra correlações que aumentam a competitividade e otimizam a produção dos nossos clientes”, explicou.
Segundo ele, o uso de IoT e algoritmos robustos permite monitorar processos, identificar padrões e gerar insights que seriam impossíveis manualmente, dando mais previsibilidade e eficiência ao setor.
Pessoas no centro da transformação
Representando a ArcelorMittal, Fabíola Murta, gerente de transformação digital da companhia, apresentou a experiência da multinacional, que iniciou sua jornada digital em 2008.
“A transformação começa com as pessoas. Não adianta ter a tecnologia mais avançada se não tivermos protagonistas nesse processo”, afirmou.
Ela explicou que o atual desafio é acelerar a transformação em todas as unidades do grupo, com maior integração e compartilhamento das soluções já desenvolvidas.
Fabíola destacou ainda o papel do programa Ino.vc, criado em 2019, que funciona como um ecossistema de inovação, conectando colaboradores, startups, universidades e empresas para antecipar soluções para o futuro. O laboratório atua como um hub, identificando oportunidades internas, priorizando projetos e conectando-os a soluções externas, garantindo velocidade na implementação.
Transformação irreversível
O painel mostrou que, embora a transformação digital na construção em aço ainda demande avanços em conectividade, integração e cultura organizacional, trata-se de um caminho irreversível. O consenso entre os participantes é que inovação não é apenas uma questão de tecnologia, mas de colaboração, visão estratégica e, sobretudo, de colocar as pessoas no centro desse processo.