O painel “Novas tecnologias aplicadas à cadeia produtiva da construção em aço” trouxe uma reflexão profunda sobre como o BIM, a realidade aumentada, a IA e outras tecnologias inovadoras podem transformar não apenas o projeto e fabricação de estruturas metálicas, mas também a manutenção delas, otimizando processos e fortalecendo toda a cadeia produtiva.
Mediado por Rodrigo Varejão Andreão, diretor-geral da IFES/FAPES, o encontro contou com a participação de Carlos Costa, diretor técnico da Trimble Brasil, Fabíola Murta, gerente de Transformação Digital da ArcelorMittal, e André Brandão, engenheiro de software na Ficep. Para os painelistas, a transformação digital no setor é irreversível, mas ainda exige integração, colaboração e foco em pessoas.
Oportunidade e desafio
Abrindo o painel, Rodrigo Varejão provocou a plateia. “Estamos diante de uma grande oportunidade, mas também de um grande desafio”. Para ele, empresas consolidadas precisam mexer em processos internos para incorporar inovação, enquanto startups e negócios de base tecnológica têm espaço para se conectar com as gigantes do setor e apoiá-las nessa transição.
Dados, conectividade e APIs – a Visão da Trimble
Carlos Costa, da Trimble, destacou um ponto crítico: a explosão de dados em todas as fases da obra – do estudo de viabilidade à operação. Segundo ele, essa abundância nem sempre se traduz em produtividade. “Geramos muitas informações, mas elas não se conectam em toda a cadeia. Falta continuidade, como numa linha de produção”, alertou.
Para mudar esse cenário, Carlos Costa defende a integração por meio de APIs, conectando soluções de hardware e software. Essa junção permite levar para o canteiro de obras recursos como realidade aumentada, realidade virtual, cloud computing e ampliar o uso do BIM, ainda pouco explorado em sua totalidade.
Outro destaque foi a inteligência artificial, que agiliza a modelagem, detalhamento e execução de tarefas repetitivas, um alívio diante da escassez de mão de obra. Mas Carlos Costa lembra: “A tecnologia avança, mas precisa evoluir muito mais”.
IoT e máquinas inteligentes – a experiência da Ficep
André Brandão trouxe o exemplo da Ficep, que vem incorporando conceitos da Indústria 4.0 às máquinas de alta performance. Hoje, elas utilizam IoT e algoritmos robustos para monitorar processos, identificar padrões e gerar insights que seriam impossíveis manualmente. “Cada máquina tem 50 a 60 parâmetros. A IA encontra correlações que aumentam a competitividade e otimizam a produção dos nossos clientes”, explicou.
Pessoas no centro da transformação – ArcelorMittal
Representando a ArcelorMittal, Fabíola Murta contou como a gigante global do aço iniciou sua jornada digital em 2008 e segue acelerando. O desafio agora é compartilhar soluções entre suas unidades e envolver toda a organização.
Em 2019, a empresa criou o programa Ino.vc, um ecossistema que conecta colaboradores, startups, universidades e empresas em torno da inovação. Fabíola reforçou que, apesar da tecnologia, o fator humano é essencial. “A transformação começa com as pessoas. Não adianta ter a tecnologia mais avançada se não tivermos protagonistas nesse processo”.