O debate abordou as principais tendências e oportunidades para a aplicação do aço em grandes projetos de mineração, óleo e gás e infraestrutura. Obras de mobilidade sustentável e construções especiais, como pontes e passarelas, também ganharam espaço na discussão.
O encontro foi mediado por José Augusto Piechnik, vice-presidente da ABCEM/BRAFER, e contou com a participação de Lourenço Lustosa Fróes, coordenador do programa para novos FPSOs na Petrobras, Paulo Sergio Carreira, gerente de engenharia da Vale S.A., Luiz Alberto Sette, diretor de engenharia e implantação da Via Apia Concessões, e Marcos Monteiro, secretário municipal de Infraestrutura Urbana e Obras da Cidade de São Paulo.
Petrobrás e situação da produção de óleo brasileira
Lourenço ressaltou que a Petrobrás tem demandas muito relevantes no setor de óleo e gás, mas trouxe alguns insights quanto à estrutura metálica. Como coordenador de um programa exclusivo para a implementação de novos FPSOs, destacou a produção de óleo no Brasil registrada em julho de 2025. “Chegamos a 5 milhões de barris em produção diária. Nós batemos o pico de produção, sendo 80% desse óleo é do pré-sal. Até pouco tempo, nós considerávamos o pré-sal um grande desafio tecnológico e hoje, de 80% desse óleo do pré-sal, 90% é produzido pela Petrobras.”
Segundo ele, a Petrobrás também tem o maior volume em carbon capture do mundo, em termos de reinjeção de CO2. Enquanto o restante do mundo corre atrás dessa tecnologia, a Petrobrás tem orgulho de já tê-la desenvolvido, aplicado e colhido bons resultados. “Nos últimos 6 anos nós colocamos 14 novos sistemas de produção, o que gerou em torno de 2 milhões de barreiros por dia de produção, que é metade da capacidade mundial agregada no mesmo período. Ou seja, a Petrobrás e o Brasil estão com uma participação muito relevante no acréscimo de produção.”
A plataforma ‘O gigante’
Sobre a maior plataforma já instalada no país, conhecida como “O Gigante”, Lourenço destacou sua capacidade de produzir 225 mil barris de petróleo por dia e o fato de seus módulos serem, em grande parte, fabricados no Brasil. A reutilização de estruturas e os investimentos em pesquisa reforçaram, segundo ele, o compromisso da empresa com eficiência e sustentabilidade. “Nós acreditamos na inovação e na criatividade e que juntos podemos ir mais longe do que qualquer um poderia imaginar. O futuro a gente constrói todo o dia, aqui e agora”, finaliza Lourenço.
A atuação da Vale no mercado de minérios
Na sequência, Paulo Sergio Carreira apresentou o cenário da Vale. “Nós estamos em vários países e somos Continentais, certo? Produzimos hoje cerca de 321M de toneladas de minério de ferro.” Ele também reforçou sobre a importância de estarem sempre inovando na área de mineração e que a alta demanda tem demonstrado resultados positivos para esse mercado no país. “Usamos cerca de 137 mil toneladas nesses últimos 7 anos, o que é menos que uma plataforma. Porém, falamos de estruturas de obras como passarelas e viadutos, então é muita coisa. É uma crescente.”
Vale: projetos e programas sociais
Além da produção, Paulo destacou projetos de infraestrutura como a construção de uma ponte em Marabá (PA) e o Projeto Terpaz, que inclui espaços de recreação, arte e convivência no Norte do país. Ele também citou programas internos, como o Early Involvement e o Spec Review, voltados à inovação e ao impacto social. “São dois programas disponíveis que visam um futuro muito interessante pela frente. Muita coisa vai ser feita, principalmente no âmbito social, pois a Vale tem ações muito fortes que envolvem viadutos e passarelas dentro de municípios, que são importantíssimos para o nosso convívio.”
Via Apia e os desafios enfrentados no projeto Rodoanel
Dando continuidade ao painel, Luiz Alberto Sette apresentou a trajetória da Via Apia, concessionária com dois anos de atuação. “A Via Apia é uma empresa com 2 anos de atuação e somos uma concessionária de rodovias. Hoje, nós temos em torno de 1.500 km de rodovias no estado de São Paulo e Minas Gerais. A empresa pertence a um fundo gerido pela Starboard e temos conosco a SP Serra, que é exatamente a concessão do trecho Norte do Rodoanel, rodovias do Tietê, que é um acordo operacional, e também a Soluciona, que faz a parte de conservação de rodovias.”
Sobre o Rodoanel, explicou as dificuldades da retomada da obra após oito anos de paralisação. “Após o leilão, tivemos 15 meses para elaborar um pré-projeto, dois anos para colocá-lo em prática e 28 anos de concessão. Infelizmente, não pudemos aproveitar plenamente o uso do aço nas pontes, pois o projeto já estava iniciado, e tivemos que concluir conforme a concepção existente.” Apesar dos entraves, ele ressaltou a prioridade dada à segurança. “Nos preocupamos com a segurança dos operários e dos usuários, buscando reduzir ao máximo os transtornos. Essa foi a nossa visão.”
Investimentos nas demais estruturas e rodovias de São Paulo
Encerrando o painel, Marcos Monteiro apresentou os investimentos em infraestrutura na capital paulista. Ele mencionou inaugurações, reformas e a aplicação de recursos significativos “Em termos de obras de infraestrutura na cidade de São Paulo, são cerca de 150.000-100.000 toneladas.” Ele também explicou sobre o investimento de 180M de dólares para áreas de risco e 230M para reservatórios. “Como a gente preparou muito o projeto, tivemos a oportunidade de obter muito financiamento.
As obras incluem recuperação de túneis, viadutos, pontes e retomadas diversas. Para 2025, estão previstos aproximadamente R$ 3 bilhões em investimentos: R$ 1 bilhão em mobilidade, R$ 700 milhões em drenagem e R$ 1 bilhão em obras de arte especiais. A área educacional também foi contemplada, com 626 reformas de escolas, 27 novas unidades e melhorias em céus e planetários.
Marcos comentou também da priorização pautada na vulnerabilidade social: “Evidentemente, quem mora numa determinada área (de risco) entende que aquela área é prioritária. Dessa forma, conseguimos justificar as nossas ações, tanto para a população, quanto para os órgãos de controle. Nessas obras, 121 das áreas prioritárias são principalmente localizadas nas periferias da cidade.”
As grandes rodovias e marginais também passam por uma nova estruturação. Marcos explicou que essas obras passaram entre 40 e 60 anos sem manutenção preventiva e aos poucos, a Secretaria Municipal vai recuperar esses locais.
A boa prática com o uso de materiais é o que faz a diferença
Para finalizar, o mediador José Augusto Piechnik ressaltou a importância da especificação correta: “Se você define a especificação adequada e executa com boas práticas, seja qual for o material, o resultado será de sucesso.”